Estamos no solstício de verão.
O dia mais longo do ano. Mais luz. Mais calor. Mais verdade aparecendo, goste você ou não.
E, curiosamente, é nessa mesma semana que milhões de pessoas depositam seus sonhos num papelzinho chamado Mega da Virada, como se o universo funcionasse por sorteio e não por consciência.

Vou falar com você. Só com você. Sem plateia, sem palco.

A pergunta que quase ninguém faz

Por que a maioria das pessoas que ganha na Mega Sena perde tudo?

Não é azar.
Não é falta de planejamento apenas.
É incompatibilidade interna.

Dinheiro não permanece onde não há estrutura psíquica, emocional e sistêmica para sustentá-lo.
Ele entra… e sai. Às vezes rápido. Às vezes de forma trágica.

O dinheiro obedece a um limite invisível chamado set point financeiro.

Set point financeiro: o teto que você não vê

Todo sistema tem um nível de prosperidade que considera “seguro”.
Passou disso, o sistema entra em pânico.

Se você cresce além do que internamente acredita merecer, algo em você vai sabotar:

  • gastos impulsivos

  • escolhas ruins

  • pessoas erradas

  • doenças

  • perdas “inexplicáveis”

Não é punição.
É fidelidade ao que foi aprendido.

Muitas vezes, prosperar mais do que os pais é vivido como traição.
Ter mais do que eles tiveram soa como deslealdade.
E perder tudo vira uma forma inconsciente de “voltar para o lugar certo”.

As crenças que impedem você de prosperar

Quase ninguém perde dinheiro por falta de capacidade.
Perde por crenças herdadas, não questionadas:

  • “Dinheiro corrompe”

  • “Quem tem muito, paga um preço”

  • “Na minha família ninguém enriquece”

  • “É perigoso se destacar”

  • “Melhor pouco e garantido do que muito e incerto”

Você pode até ganhar na loteria.
Mas, se essas frases moram em você, o dinheiro não vai ficar.
Ele não fica onde é visto como ameaça.

Que lugar ocupa quem joga na loteria?

Essa é delicada. Respira.

Quem joga esperando que a vida mude por um golpe de sorte, muitas vezes está no lugar da criança:

  • esperando ser escolhida

  • esperando ser salva

  • esperando que algo externo resolva o que internamente não foi assumido

Não há nada de errado em jogar.
O problema é quando o jogo substitui responsabilidade, posicionamento e autoria da própria vida.

A pergunta real não é “e se eu ganhar?”.
É: o que em mim está esperando ser salvo?

Existe sorte?

Existe alinhamento.

Quando você ocupa seu lugar de adulto,
quando honra sua história sem se aprisionar a ela,
quando se despede do passado com verdade (e não com negação),
quando assume o desejo sem culpa…

As coisas fluem.
Não por magia barata, mas por coerência interna.

Chamar isso de sorte é confortável.
Mas é só energia organizada.

Para você, agora

Neste solstício, com toda essa luz disponível, te deixo uma pergunta simples e nada confortável:

Se o dinheiro viesse, o que em você teria que morrer para ele ficar?

Pensa nisso antes de apostar na Mega.
Talvez o maior prêmio não esteja no sorteio.
Talvez esteja na coragem de ocupar, finalmente, o seu lugar.

Questões para refletir

1. Se eu ganhasse muito dinheiro hoje, quem na minha família eu sentiria que estaria traindo ou ultrapassando?

Observe onde surge culpa, medo ou a vontade imediata de “compensar”. Ali está o limite invisível.

2. Em que área da minha vida ainda espero ser escolhido, salvo ou reconhecido por algo externo, em vez de me posicionar como adulto?

Dinheiro não sustenta quem ainda vive esperando permissão.

3. O que eu teria que perder em mim se prosperasse de verdade?

Pode ser pertencimento, identidade, lealdade, papel de vítima ou a imagem de “boazinha”. Prosperidade sempre cobra um preço interno antes de pagar qualquer prêmio.

Coquetel de inspiração

DOSE DE SABEDORIA

O dinheiro é o alimento que leva a vida adiante. É o leite materno da vida. É presenteado como uma dádiva divina. Ele serve para que possamos continuar vivos.

O dinheiro tem uma grande necessidade de servir. A necessidade mais profunda do dinheiro é que seja gasto e que sirvamos à vida com ele. Por isso tão importante perguntar aqui: de onde vem o dinheiro? Contudo, temos uma longa tradição cristã. Os fiéis devem condenar o dinheiro.

O dinheiro possui dimensão uma espiritual. Ele reage como se tivesse uma alma e um faro fino para a justiça e a injustiça. Quer ficar com aqueles que o ganharam honestamente, com o suor do seu trabalho. Quer voltar para aqueles que trabalharam duro para obtê-lo ou para aqueles que o receberam de outros com a condição de administrá-lo e multiplicá-lo honestamente, a serviço da vida.

O dinheiro que outros ganharam para nós quer ficar conosco quando os recompensamos corretamente. Acima de tudo, uma vez que pertence à vida, o dinheiro quer ser gasto e transmitido a serviço da vida. O dinheiro se alegra quando é gasto. Ele retorna ainda mais rico para nós.

Bert Hellinger

(16/12/1925 – 19/09/2019)

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