O sofrimento faz parte da vida. Não conseguimos passar pela experiência humana sem ele. Mas o sofrimento, quando reconhecido, é na verdade um processo adaptativo — que nos permite voltar-nos para dentro, refletir e, eventualmente, retornar a um estado mais equilibrado.

A dor, por outro lado, frequentemente surge quando o sofrimento é ignorado. Quando não reconhecemos nossa angústia interior ou não cuidamos dela, ela se espalha. Manifesta-se como dor — física, emocional ou ambas. A dor crônica, em muitos casos, é simplesmente um sofrimento há muito não reconhecido. Com o tempo, o corpo para de tentar se adaptar e, em vez disso, absorve esse sofrimento em uma nova versão disfuncional de “equilíbrio”.

Isso levanta uma questão importante:

O que te fez acreditar que o sofrimento te dava identidade?

Que te tornava mais visível? Que te dava um lugar no mundo?

Há uma narrativa profunda em nossa cultura sobre ser o mártir ou a vítima. Às vezes, é mais fácil não nos questionarmos. É mais simples delegar a responsabilidade aos médicos, aos sistemas que deveriam cuidar de nós. Mas, no fim das contas, você não é o seu melhor médico?

Você vive no seu corpo. Você sente quando algo está errado. Você sente quando um alimento não está bom, quando sua energia cai, quando seu ritmo muda. Desde o primeiro dia, seu corpo tem sido seu aliado mais próximo — sinalizando suavemente o que adotar e o que evitar, adaptando-se constantemente, alternando entre estados para preservar sua saúde e estabilidade.

“A capacidade do corpo de se adaptar a situações, ambientes e estressores (físicos ou psicológicos) é incrível e única para cada um de nós. Essa capacidade continua a evoluir ao longo de toda a nossa vida.”

A qualidade do seu equilíbrio — a sua capacidade de recuperá-lo — muitas vezes determina o desenvolvimento ou não de doenças. Muito antes de a doença se manifestar, o corpo envia inúmeros sinais. Mas fomos ensinados a ignorá-los. Disseram-nos que “está tudo na nossa cabeça”. Levados a acreditar que somos o problema.

O único problema real é que paramos de ouvir a nós mesmos.

E sim, pode ser difícil desafiar figuras de autoridade, dizendo: “Obrigado pela sua percepção, mas sei que algo não está certo”. Talvez leve mais seis meses de busca, mas confie no seu instinto. Ele sabe.

Neste mundo de dietas, suplementos e tendências de saúde sem fim, é fácil sentir-se sobrecarregado. Mas essa sobrecarga só mostra uma coisa: estamos perdidos. Deixamos de confiar em nós mesmos. Perdemos a conexão com nossa própria base. E, no entanto, quando voltamos ao básico — quando silenciamos o ruído e nos sintonizamos — encontramos as respostas. Começamos a nos curar.

Sua intuição nunca irá traí-lo.

Então, sim, leia livros. Converse. Reúna insights. Mas, no fim das contas, faça o que for melhor para você.

Seu corpo é um sistema interconectado.

Quando pensamos em uma mandíbula rígida, por exemplo, podemos associá-la não só a questões físicas, mas também a emoções contidas: palavras não ditas, raiva reprimida, necessidade de controle ou de sustentar algo maior do que a própria pessoa. Essa rigidez pode “descer” para o corpo, refletindo na postura, nos quadris e até na forma de caminhar.

O fígado é o órgão ligado ao fluxo da vida, à vitalidade e à raiva. Uma sobrecarga no fígado pode estar relacionada à dificuldade de processar emoções intensas, especialmente ressentimentos e frustrações. Quando essas emoções não encontram lugar de reconhecimento e expressão, o corpo acumula não apenas toxinas físicas, mas também resíduos emocionais. A consequência é uma circulação bloqueada, tanto no sangue quanto na vida psíquica: o fluxo deixa de ser leve e se torna pesado, denso.

E se o fígado é sobrecarregado pode impactar outros órgãos, pode causar inchaço no abdomen e pernas, problemas de coagulação e pele amarelada, devido à má absorção de nutrientes e acúmulo de toxinas. Pode também levar a um aumento do baço, o qual pode causar desconforto e dores abdominais. Em casos graves, a sobrecarga hepática pode desenvolver-se em doenças como cirrose e câncer de fígado, e pode comprometer a função cerebral (encefalopatia hepática).

O baço, quando aumentado em resposta ao fígado, pode ser entendido como uma tentativa do corpo de compensar o que não está fluindo. Sistêmicamente, ele pode refletir um excesso de lealdade – carregar “mais sangue do que deveria”, mais histórias ou responsabilidades do que cabem a um indivíduo sozinho.

Por isso, sintomas físicos e doenças podem ser vistos como chamados de reconciliação – convites para que olhemos não apenas para nós mesmos, mas para sua história e para seu sistema familiar. Quando uma emoção é reconhecida, honrada e reintegrada, muitas vezes o corpo também responde com alívio, como se não precisasse mais carregar sozinho aquilo que pertence a todo o sistema.

Tudo está interligado.

A cura acontece através da conexão .

Conexão com seu corpo.

Conexão com sua comida.

Conexão com sua comunidade.

Então, acima de tudo: conecte-se.

É aí que a cura começa.

Questões para refletir

  1. O que meu corpo está tentando me dizer através desta dor ou desconforto que insiste em aparecer?
  2. Se eu pudesse dar voz a este sintoma, que emoção ou sofrimento ele estaria expressando por mim?
  3. Onde em mim existe um peso que não é apenas físico, mas que pode estar ligado a algo que ainda não foi olhado ou reconhecido?

Coquetel de inspiração

DOSE DE SABEDORIA

“A desordem é criada porque falta o Amor. A doença é criada porque falta o Amor. Porque alguém foi excluído do Amor. E como acontece então a cura? Através do Amor. E qual Amor? Um Amor Espiritual. Olhando para todos com o mesmo Amor.”

Bert Hellinger

(16/12/1925 – 19/09/2019)

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